os dois velhos pelados atrás da moita vieram com todos os seus metais espetáculo-seculares: uns trompetes gemem; outros tossem; os sax se arrastam transtemporalmente — dos porões escuros da tropicália-DOPS às ondas superfici-digitais do ôjurduí — soando nos pavilhões dos nossos ouvidos feito lesmas radioativas.
montagem sobre foto de Leo Aversa (divulgação)e sem a possibilidade de dar tudo errado não há teatro, se bem que a possibilidade de dar tudo errado parece ser a essência mesma do teatro, prescindindo de qualquer corpo ou espaço amplo, afinal tudo tem a possibilidade de dar errado...
Ilustração de Conde BaltazarA agonia é uma vivência íntima da infância, bastando que não encaremos com olhos de pais cada um desses espécimes infantis. Pois os bebês estão agonizando a todo momento, e isso mesmo ou principalmente quando estão sorrindo.
Desenho de Manu MaltezJusto quando pensamos estar fazendo uma coisa sumamente importante pela vida na Terra, podemos estar contribuindo para a sua mais completa destruição.
Pôster The Midnight Gospel - Divulgação A crítica, seja ela cruel, apaziguadora, ácida, violenta, elogiosa, entusiasmada, apaixonada ou branda, deve ser sempre a expressão de uma cisão, e nunca de uma adesão. A adesão não constrói a negatividade essencial ao pensamento crítico.
cóccix Não é porque você se tornou artista que isso te eximirá de ser um completo idiota. Ser artista não te salva de nada: nem das agruras da vida, nem da timidez, nem da falta de consistência política, nem da burrice, nem da canalhice.
Foto de divulgaçãoQuem já presenciou o vai-e-vem glamuroso dos festivais ou já foi hipnotizado pela variedade de camisas estampadas com flores, geometrias graffiti e caveirinhas, não suspeita que aquelas pessoas estejam, na verdade, absortas na nobre tarefa delegada aos cineastas do segundo milênio: capturar o real.
O som ao redor“Um dia esse menino voa”, proclamava minha vó enquanto me via balançar os braços debaixo da mesa. Uma criança pode agitar os braços como quiser, mas eu agitava diferente. Eram…
Rumores da TerraSobre o texto “Matheus Nachtergaele, a sua peça é triste e necessária!”, de Cristina Leifer, no site Cenáculo Núcleo de Estudos Teatrais.
The Temptation of Siegbone
Sobre “Humor de Santo”, de Paulo Mansur
De todas as formas da crítica, a de bar é a mais ancestral e recorrente entre os mortais. Mas não é porque aparece quase sempre espontaneamente, despretensiosa e de viés que carecerá de uma rigorosa metodologia própria.
Sobre Looping - Bahia Overdub, de Felipe Assis, Leonardo França e Rita Aquino
A partir de Intempestivamente, performance de Adam Kinner apresentada na Escola de Dança da UFBA.
Sobre o espetáculo “As Pequenas Raposas” O bom de ser honesto é que a concorrência é pequena. (Marcos Castelhano, “Love Songs”, A Tarde FM) Nas vésperas do São João,…
Em “Memórias do Subsolo” Dostoiévski narra a fábula de um sujeito que resolveu mijar numa das pilastras do Palácio de Cristal. A imagem deve ter proporcionado boas risadas ao autor;…
"Art Fair, Booth no.4"Certas coisinhas pequenas demais Sobre a Galeria ENTRE, de Alexandre Guimarães. É uma casa antiga, branca com detalhes azuis, numa rua de passagem do bairro mais boêmio da cidade. Para…
Foto de Leto CarvalhoA partir da coluna Martin Gonçalves, do site Feminino e Além.
As coisas do mundo estão uma loucura e é quase um problema, frente à urgência geral, ainda ter de escrever sobre Henrique Wagner.
A partir de um dia do "Perfor7 [como?]", sétima edição do fórum de performance
da BrP. São Paulo, Praça das Artes, 15 de novembro de 2016.
Roteiro: Daniel Guerra
Desenho: Pedro Pirôpo
Imagino que ao leitor deva estranhar duplamente o título da crítica. Primeiro deve vir o susto de topar com uma expressão desse quilate escrita assim, logo no topo, mesmo em revista tão afeita a certas diversões.
Foto de Milla CarilloPiso as botas no pátio do Goethe-Institut, peço um quiche de alho-poró, escolho uma mesa, olho ao redor e me sinto bem cool. Sou o artista solitário. O crítico. Meu olhar é arguto e sagaz, vim de banho tomado, estou pronto para o trabalho.
Considerando que a reverberação da crítica na nossa cidade ainda oscila entre o silêncio rancoroso e a histeria biliosa, decidimos escrever este humilde manual dividido em duas partes.
Crítica a partir da crítica de Eduarda Uzêda sobre “Egotrip —Ser ou não ser, eis a comédia”, publicada no Jornal A Tarde, dia 13 de Julho de 2016.
Na edição anterior, tivemos uma breve discussão sobre a palavra acontecimento. É interessante que esse conceito esteja aparecendo na boca de tantos criadores ao mesmo tempo. Poderíamos chamar a isso sincronicidade.
Medeia era uma mandioca. Vivia fincada na terra, espasmódica, assim como o nariz do meu amigo ao lado, visivelmente alérgico ao teatro contemporâneo.
Foto de Nina La CroixO corpo não é um território neutro. Foram necessários séculos de cultura para que finalmente pudéssemos pensá-lo como suporte, quando na verdade é processo inacabado e tráfego incessante de informações. Forma mutante e indisciplinada, matéria revoltada; não baixa a crina, mesmo sob o peso milenar da chibata e da educação.
Uma das melhores coisas das colunas Selfie, Rizoma e Treta é que nelas não sou obrigado a justificar nada. Só teria que dar minha idéia, na lata. Entretanto, inicio com um prelúdio a la Pero Vaz de Caminha.
Foto de Elenize DezgeniskiVivemos um período bastante complexo, e freqüentemente essa complexidade transparece de forma paradoxal.
Foto de Andrea MagnoniDepois do escuro que sempre relembra que o teatro é feito de morte, Darth Vader de Olinda aparece na cadeira giratória envolto em fumaça. Então o primeiro riso da platéia…
Foto de Shirley StolzeO que era pra ser uma Crítica da Crítica transforma-se em Crítica da Não-Crítica. Ou seja, falarei de sua ausência. Essa coluna, que deveria pensar críticas produzidas na cidade, abordará sua falta, traçando possíveis causas e outras possibilidades de agenciamento do problema.